do blog do Fábio Campana
O ex-governador Roberto Requião se tornou um foco de tensão na chapa liderada por Osmar Dias (PDT) para disputar o governo do estado. O temperamento difícil de Requião, a herança administrativa pesada deixada em áreas críticas, como a área da segurança pública, a interdição do Porto de Paranaguá e o conflito aberto que se envolveu com o sucessor, Orlando Pessuti (PMDB), tem levado Osmar e Gleisi Hoffmann, candidata ao Senado pelo PT, a fazer grandes esforços para não precipitar um rompimento aberto com o ex-governador.
Nos relatos que fazem de suas visitas as cidades do interior em campanha Gleisi e Osmar asseguram que sempre mencionam o nome de Requião como candidato a senador e, garantem, destacam suas “boas qualidades”. A companhia, mesmo que virtual de Requião, causa problemas e constrangimentos tanto para Osmar quanto para Gleisi. A candidata petista ao Senado é mulher do ministro Paulo Bernardo, denunciado por Requião por suposta tentativa de superfaturar em R$ 300 milhões um trecho ferroviário entre Ipiranga e Guarapuava. Já Osmar foi acusado em 2006 de enriquecimento ilícito, crime ambiental e uso de trabalho escravo em uma fazenda que possui em Formoso do Araguaia no Tocantins.
O senador Osmar Dias mal consegue esconder a irritação por ser sempre inquirido, nas entrevistas coletivas, sobre como conseguiu superar suas divergências com Requião, que chegou a pedir a cassação de seu mandato de senador em 2006 por quebra de decoro parlamentar, por ter supostamente subfaturado o valor da fazenda Lagoa da Prata. O imóvel valeria R$ 30 milhões, mas foi registrado por Osmar por R$ 2,5 milhões. Apesar de todo constrangimento Osmar argumenta que é um político que não guarda mágoas e não cultiva ressentimentos. “Os equívocos cometidos pelas pessoas que disputam eleições, muitas vezes machucam, mas pode ter certeza que, no meu coração, não tem lugar para rancor”, afirma.
Apesar de todos esses esforços para não despertar a ira de Requião os problemas continuam. O ex-governador Orlando Pessuti já sugeriu abertamente uma espécie de “voto camarão” ao revelar em público que pretende votar em Gleisi e no tucano Gustavo Fruet para o Senado. Entre os aliados de Requião se identifica no PT a origem do lançamento da “Chapa G2” ou “Chapa Google” (baseada na suposta semelhança sonora entre o nome do famoso portal de busca na internet e as iniciais dos prenomes dos candidatos ao Senado “Gustavo” Fruet e “Gleisi” Hoffmann. Requião não vê a hora de dar o troco.
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